Publicado em 24/10/2021 às 21:13, Atualizado em 25/10/2021 às 00:18

Sylvinho diz que tem apoio da diretoria do Corinthians: "Sabemos exatamente o que estamos fazendo"

Técnico defende o trabalho após empate por 2 a 2 com o Inter, em Porto Alegre

GloboEsporte,
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Divulgação

O técnico Sylvinho falou na noite deste domingo sobre o seu momento no Corinthians, que não fez um bom primeiro tempo no Beira-Rio, saiu perdendo, conseguiu a virada, mas levou o gol do empate por 2 a 2 contra o Internacional nos acréscimos. Um resultado que manteve o time na sétima posição do Campeonato Brasileiro.

Muito pressionado no cargo, o ex-lateral disse que tem o respaldo da diretoria e defendeu o trabalho a longo prazo. No sábado, na véspera do jogo, ele completou cinco meses à frente do Timão.

– Claro que eu tenho o apoio da diretoria, claro que tenho o apoio do presidente, o que me vale é a palavra deles, que acompanham nosso trabalho todos os dias, sabem a demanda de horas a cada momento que nós estamos no clube. Praticamente vivemos ali, vai para casa só para dormir, mas é pertinente, é da função (a pressão). Sei disso desde que comecei a trabalhar. Faz dez anos.

– Joguei futebol 15 anos em grandes clubes de ponta e trabalho desde 2011 em comissão técnica. Incorporei comissão do melhor treinador da Europa hoje, Roberto Mancini, na Inter de Milão. Foram dois anos. Hoje é o treinador ganhador da Eurocopa com a Itália. Trabalhei com Tite por muito tempo no Corinthians e na seleção brasileira. Sabemos exatamente o que nós estamos fazendo

O técnico afirmou que as críticas são desmedidas, já que o time segue com chances vivas de se classificar para a fase de grupos da Libertadores, o grande objetivo da temporada.

– O time faz um tempo grande que não está na tabela numa posição de briga direta pela vaga de Libertadores faltando dez rodadas. Nós somos um time que está se construindo, com a chegada de quatro atletas importantes, estamos gerindo, com atletas importantes de base. Estamos num momento importante da competição, defendemos o trabalho, pois sei exatamente o que eu estou fazendo. Não tenho dúvidas absolutas e não sou só eu, toda uma comissão, toda uma diretoria e presidência que é presente no CT. Esse é o trabalho, defendo o trabalho e a condição que o clube está. As últimas rodadas, a equipe está brigando em pé de igualdade com equipes como o Inter que há seis meses estava ali, disputando a final do Brasileiro. Um time forte, um estádio difícil, e estamos brigando pelas vagas diretas de Libertadores e vamos brigar até o final.

O técnico lamentou o gol de empate sofrido dos acréscimos, que tirou a chance de vitória:

– Esse resultado no Beira-Rio até o último minuto era nosso, com todos os méritos. O time fez uma boa partida, veio jogar num campo difícil, contra um adversário em há pouco tempo disputou até a última rodada o título brasileiro (de 2020), um time forte, com grandes jogadores. Viemos, tomamos um gol, começamos mal o jogo, demos a volta no marcador, que é algo muito difícil. O percentual de viradas no Brasileiro é baixo, as pesquisas mostram, é muito difícil você dar a volta, nós demos com méritos, com alterações, com a qualidade dos atletas, com mudanças destes atletas em campo. Então esse resultado não é o pior. O melhor era a vitória, e trabalhamos para vencer, mas no último minuto eles acertaram um chute e isso você não controla. Tu controla o trabalho, a motivação do atleta, a entrega e tudo foi feito. Em grande parte do jogo, estivemos melhores. Fizemos os dois gols, merecemos os dois gols, no último minuto tivemos um empate. Era um jogo de vitória.

Durante o segundo tempo, o técnico fez ajustes na escalação e pode manter três delas para a sequência da competição: Róger Guedes pela faixa esquerda do campo, com Renato Augusto como falso 9 e Gabriel Pereira pela meia-direita, abrindo vaga para outro externo.

– Quando falo dos cinco meses que fiz, do quanto se gasta no CT com cada atleta, com o grupo, isso se reflete. Até descobrir onde estava o Gabriel Pereira, que ele faz pelo lado direito, mas que ele faz a meia-direita. O Renato reintegrou o Corinthians, pode fazer um meio-campo, mas podia fazer esse centroavante falso, com retenção. Róger começou dentro e começou fora, onde faz muito bem. Isso é conhecimento de elenco, de atletas, esse é o tempo que muitas vezes os treinadores pedem. Se pode continuar? Isso dá clareza para o futuro. É você entender os atletas, e eles também te entenderem. Nosso ambiente é muito bom e a gente conversa muito com os atletas para poder otimizar, para ganhar tempo e colocá-los nas funções. No segundo tempo nossas alterações foram muito boas, e defendo Fernando Lázaro e Doriva que trabalham muito em cima de improvisações do jogo. E criamos uma situação muito favorável no jogo e de repente para o futuro. Pode-se usar? Pode-se usar dentro de um futuro próximo – disse o treinador.

O Corinthians volta a campo apenas contra a Chapecoense, dia 1º de novembro, na Neo Química Arena. Serão sete dias entre um jogo e outro, na partida que fechará a 29ª rodada.

Vitinho titular

– Ele jogou pelo lado esquerdo. Um atleta leve, dinâmico, que tem um bom acabamento, bons cruzamentos, um atleta que tem uma última bola que muitas vezes dá gol. E optamos, pois o adversário era muito duro, difícil, e na ausência do Willian pela esquerda, colocamos o Vitor, que nos dava uma composição melhor de meio-campo. Um externo, pé direito, que podia fazer uma composição dando uma sustentação a mais num jogo físico, duro, contra um time que há pouco tempo brigou pelo título brasileiro. Vitor fez um primeiro tempo muito bom, houve boa combinação com Roger e com Renato. Fábio Santos passando, infelizmente os cruzamentos não chegaram na área. Falamos com o Fábio e procuramos melhorar essa parte.

– No segundo tempo, o Vitor não começou tão bem e tínhamos a opção de troca, tínhamos programado a saída dele e a entrada do Gustavo, com GP fazendo a meia. E isso aconteceu, tivemos o gol. Isso é um conhecimento de grupo, de atletas, que o tempo vai nos dando. E conseguimos mover as peças para conseguir o empate quando melhoramos muito no jogo ao ponto de fazer o segundo e ficar mais tranquilos. A troca aconteceu, pois o rendimento do Vitor caiu um pouco no segundo tempo.

Sem renovação, GP pode ser afastado?

– Esse é um tema absolutamente do presidente e da diretoria. Sou treinador de futebol. Trabalho com todos os atletas que estão à disposição no elenco. Essa é a minha função, cuido de 31 atletas com os goleiros, que estamos diariamente gerenciando os treinamentos. Ele pode jogar pelo lado direito, pode jogar por dentro como foi hoje e deu situação de gol.

Du Queiroz entrou bem

– Du Queiroz entrou numa função que pode fazer, entrou bem. Gabriel tinha um cartão amarelo, nos preocupava, já tinha tirado o pé para não ser expulso, e aí fizemos as duas substituições. Du entrou e respondeu. Ele pode ser lateral-direito, pois tem de origem na base todos os conceitos defensivos, e que no final do amador foi meio-campista, como primeiro, como entrou hoje. Ou pode fazer como terminou (com a entrada de Xavier), pelo lado direito, a meia. Um atleta completo, com boa parte física, uma qualidade técnica para a função e um atleta com muita personalidade, que encara os jogos da mesma forma. Um atleta forte emocionalmente que fez um grande jogo também.

Muitos gols sofridos no segundo turno

– Números se interpretam. Nós somos a quarta melhor defesa do campeonato. Obviamente que entramos em campo para não tomar gol, não somos loucos. Trabalhamos toda a parte defensiva, não só linha de quatro, todo o time, a gente se defende em 11. E quando atacamos, vamos em seis, em sete, em oito. Futebol é uma interação completa, são conexões. Trabalhamos para não tomar gol, mas tem um adversário do outro lado. Não posso combinar com ele. Tem qualidade, Yuri é grande jogador, como Patrick, Edenílson, esse time disputava título. Nosso mérito foi dar a volta em cima de um resultado. Trabalhamos todos os setores: ataque, meio e parte defensiva. Entendemos tudo o que está ocorrendo. Somos a quarta melhor defesa do campeonato e vou trabalhar para ser a primeira, tenho ambição. Os atletas têm ambição.

– Eles estão conectados em nosso trabalho, haja vista muitas entrevistas deles, que falam de um grande ambiente que temos, da metodologia, da forma de trabalhar, do respeito de olhar para cada um deles que temos e que eles têm conosco, e com todos, não só os que vêm jogando. Vou atrás. Se tiver que ficar 12 horas no clube, 14 horas, eu fico. Tenho que olhar no olho do atleta. Sabemos o que estamos fazendo. Tive 15 anos de atleta e sei exatamente o que o atleta pensa do outro lado, por isso que eu gasto minhas horas com eles, meu suor e parte do sangue, não tem problema. Quando estou trabalhando, infelizmente com meus filhos e minha mulher realmente estou ausente. Sei o quanto de horas preciso gastar com eles (atletas), e alinhado com diretoria e presidente, e poder tratar todos vocês bem, tenho que me preparar para falar com vocês (imprensa). E me preparo, sai de um jogo pesado, 48 horas estudando jogo, contra um time duro, me preparo para o jogo, para coletiva, para estar falando com vocês sempre com muito respeito. Vocês merecem meu respeito e me preparo.

Time com pouco apetite

– Discordo de você. Apetite o time tem. O time muda. Uma coisa é você ter um time com atletas como no primeiro turno, que tínhamos um time muito mecânico, muito forte no meio-campo, um time muito combatente. Mas você vai misturando, foram chegando atletas e nosso time é técnico. Mas ao mesmo tempo, ele combate. Ele disputou cada palmo contra o Inter, contra Patrick, Edenílson, Lindoso, Dourado, Moisés, são jogadores fortes, disputamos todos os palmos de campo. Tomamos um gol no último minuto de um grande chute. Não foi que entraram na nossa área, que dominaram o jogo e criaram dez chances de gol. Não, não, não, não. Um chute de fora da área, você não tem previsibilidade. Entrou, paciência, vamos para casa. Por tudo o que fizemos e entendemos de futebol, era para voltar para casa com os três pontos num campo duro, contra um adversário qualificado. Empatou, paciência, mas o time luta, o time sua e é organizado. Além de ser a quarta melhor defesa. Você precisa interpretar os números totais. Se você é a décima quinta defesa do campeonato, não desarma e não defende bem, estou de acordo. Mas se entramos como a quarta melhor defesa, nós defendemos bem. Defendo os atletas, o suor e o sangue que eles estão dando.