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''DEU RUIM'' Lavador de carros contrata telemensagem para reatar relação e vai preso

Pela ex-mulher, disse ele, já tentou matar-se por três vezes; agora, quer ir embora da cidade

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Fotos: Wesley Ortiz

João Antônio dos Santos Cardoso, 28, tentou matar-se pulando de um viaduto, enforcando-se e jogando-se na frente de um ônibus. Tudo por um só motivo: Rute, a mulher que jura amar, mas que o traiu e mandou-o embora.

Louco de saudade e pronto para reatar a relação, segundo ele, contratou um serviço de telemensagem, aquele que oferta um café da manhã, carro de som e discurso de felicitações e foi para a casa da amada, no Jardim São Conrado, em Campo Grande. Um erro fatal.

Ele foi preso por isso, ficou na cadeia 15 dias e, agora, anda com tornozeleira eletrônica.

A vida de João Antônio, lavador de carros, é um inferno, segundo ele. Separou-se da mulher com quem tinha três filhos. Apaixonou-se por Rute, "irmã" da igreja que frequentava, a Palavra de Cristo para o Brasil. Era agosto do ano passado, e os dois resolveram morar juntos, no Jardim São Conrado.

Passados 20 dias com a amada, João Antônio enfrenta um tormento que não consegue "livrar-se mais", disse ele. Vindo do trabalho mais cedo, ele abre a casa e segue até o quarto, onde vê um "irmão" de igreja, na cama, agarrado à mulher.

Dali ele pegou um ônibus desceu num ponto perto do viaduto da via que conduz ao Shopping Campo Grande, a avenida Afonso Pena.

Um bombeiro se aproxima e insiste para desistir de saltar de uma altura de ao menos cinco metros. João pede ao militar que ligue para a mulher, só assim sairia dali.

O bombeiro ligou, mas a mulher "não deu bola para história", segundo João, que pulou e caiu de cabeça no asfalto. Machucou-se por todo o corpo, principalmente a cabeça, mas sobreviveu.

Ainda assim, João tentou reviver o romance, mas a mulher foi à delegacia e conseguiu uma medida protetiva contra ele.

Desempregado, o lavador de carros foi morar em barraco erguido num matagal conhecido como "Monte", no Jardim Monte Alegre. Nesse lugar evangélicos vão lá orar o dia todo e até à noite.

No início de março, João Antônio juntou dinheiro e contratou o serviço telemensagem. "A ideia era convencer minha ex-mulher a voltar comigo e eu teria uma moradia. Não consigo mais viver aqui [no barraco]", afirmou o lavador de carros.

Além de frustrar-se com a investida amorosa - a mulher não quis nem se aproximar de João - Rute procurou a polícia e disse que o ex estava rondando sua casa.

Retornando para o barraco, João Antônio foi parado por uma viatura policial e um dos militares pediu a ele os documentos. Dali o lavador de carros foi levado para o Instituto Penal, onde ficou por 15 dias.

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Fotos: Wesley Ortiz

Ao voltar para o barraco, João Antônio sofre outra desolação ao notar que sua morada tinha sido derrubada e as roupas, queimadas. Remédios como Diazepam, calmante, também foi destruído. "Foram os evangélicos que vêm por aqui", acusa João.

Sem energia ou qualquer outra infraestrutura no barraco, João precisa ir por duas vezes até o Terminal de Ônibus do conjunto Aero Rancho. De manhã e à noite, todos os dias, por três horas cada vez, o lavador de carros senta-se num banco perto de uma tomada para carregar a tornozeleira. "Tenho amigos lá e deixam eu usar a tomada", disse ele.

João Antônio, que não quer se matar "nunca mais", disse ter arranjado emprego, mas lavou carros por apenas quatro dias. "Não tenho onde tomar banho e fui demitido porque acharam que sou fedido", queixa-se João.

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Fotos: Wesley Ortiz

Agora, sem emprego, casa e direito a se aproximar da ex, João Antônio afirmou que pensa em criar uma campanha para arrecadar R$ 40, preço da passagem de ônibus que vai até o município de Dois Irmãos do Buriti, onde mora parentes.

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